domingo, 24 de maio de 2015

Chimamanda Adichie e a crítica ao perigo de uma única história

                                                          Chimamanda Adichie, escritora


Quando era criança, Chimamanda gostava muito de ler. Morava na Nigéria e tinha gosto pela literatura Inglesa, principalmente por aquelas histórias que contavam sobre personagens brancos de olhos azuis, que brincavam na neve felizes e comiam maçãs. E todos os personagens de todas as histórias eram assim. Algum tempo depois ela começou a escrever suas próprias histórias reproduzidas com reflexo no que lia - até descobrir a literatura africana - que por sinal é muito bem contemplada com escritores como Chinua Achebe e Camara Laye, que fizeram Chimamanda passar por mudanças mentais. Ela percebeu que meninas com seu biotipo e cor também poderiam existir na literatura, afinal, era só um estereótipo. Por que não?!
A família de Chimamanda era de classe média, e por sorte conseguia ajudar a família de Fide que passava fome. Toda imagem que ela tinha sobre essa família era limitada à pobreza, sem imaginar que alguém ali pudesse ser útil, ou ter algum talento. Quando descobriu que o irmão de Fide criou por sí só um lindo cesto artesanal, ficou muito confusa. A pobreza era sua única história sobre eles. Mas a maior surpresa de todas apareceu quando Chimamanda se mudou para os Estados Unidos para fazer faculdade. Sua colega de quarto americana também tinha uma única história sobre o povo da África. Chimamanda foi questionada sobre como aprendeu a falar Inglês tão bem (Inglês é a língua oficial da Nigéria), como era sua ''música tribal'' (ela ouvia fitas da Mariah Carey) e se ela sabia ao menos usar o fogão. A posição de sua colega foi padrão, automática, com suposições generalizadas. A imagem do continente africano como lugar de pobreza, guerras e fome se refletiu na imagem que tinham de Chimamanda nos Estados Unidos. E a visão da África como abrigo de uma linda fauna, por exemplo? 
Histórias tem a capacidade de desapropriar, mas também podem ser usadas para capacitar e humanizar. 
Apesar do ser humano ser formado por um grande grau complexidade, com identidade única, temos semelhanças, somos feitos de anseios, desejos, conquistas, obstáculos, sonhos... ''Mostre um povo como uma coisa, como somente uma coisa, repetidamente, e será o que eles se tornarão''. E é isso que acontece.
Pegar toda a complexidade de uma pessoa e de seu contexto e reduzi-la a um só aspecto, é o maior perigo de uma única história segundo Chimamanda. E qual seria a solução? Não esquecer o que temos de mais importante: A dignidade e a identidade. 

                ''Somos todos iguais de um jeito inteiramente diferente''



África



                                   
Beijos,
                                             Manuela.

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